quarta-feira, dezembro 20, 2006

Análise a uma letra de João Pedro Pais

Dá-me vontade de te ter a meu lado
Vendo-te a olhar para mim


João Pedro Pais tem vontade de ter alguém a seu lado, a olhar para ele... o que é, apesar da ingenuidade, legítimo. Mas pelo menos teve a suficiente caridade para colocar uma venda (“vendo-te a olhar para mim...”) nesse alguém, abreviando-lhe o sofrimento, que se imagina no mínimo atroz.

Sei que estou apaixonado
Mas não posso ficar assim
Deitado num rochedo canto para ti
Como um pássaro livre que voa sem fim


Com uma certa dose de esquizofrenia, o cantor sabe que está, mas não pode estar apaixonado... O amor leva-o para uma rocha, quiçá um calhau oleado pelos despojos do Prestige, ali para os lados da Praia da Luz. “Como um pássaro livre”, aqui claramente João Pedro Pais tentou copiar Nelly Furtado na canção “I’m like a Bird”, em português “Eu sou como uma pássara”. “...que voa sem fim”, inspirada na versão gaiteiro de um verso popularizado a seguir ao 25 de Abril, o da “Uma gaivota, voava, voava, a filha da **** nunca mais parava...”.

Porque é que a vida nos trama
Quando alguém se ama?
Ter de partir
E não poder sorrir


Recuperando o primeiro verso: “Porque é que a vida nos trama”, saiba que esta é a frase proferida por João Pedro sempre que toma banho, e à falta de melhor, decide aplicar nesta canção. Trata-se aqui de uma clara tentativa de explorar um demónio muito seu: o facto de ter um pénis muito pequeno, o que já o levou a experimentar besuntar-se com mel e pimenta, a usar uma bomba de sucção, tudo sem qualquer resultado, a não ser umas peles esfoladas. O permanente ar de carneiro mal morto, sempre com uma lágrima ao canto do olho, está assim explicado.

Porque é que choras?
Porque é que dizes o meu nome
Sem nunca me poderes tocar? Tenho saudades de te ver
Vontade de te abraçar
Sozinho tocando uma guitarra
Junto ao mar


O que resulta deste conjunto de versos é um claro desdobramento de personalidade: João Pedro Pais, qual Narciso dos tempos modernos, apaixona-se na realidade por si mesmo, estabelecendo um diálogo, afinal, consigo próprio. E, no final, regressa o símbolo peniano, neste caso em forma de guitarra – será quando muito um cavaquinho, dizemos nós –, que João toca furiosamente.... e ainda por cima junto ao mar. Deprimente!

Recordo-me de ti
E imagino porquê
A tua cara a flutuar


Realmente é difícil esquecer a imagem de uma decapitação. “A tua cara a flutuar”, qual Mário de Sá Carneiro, João liberta-se matando ou desfigurando o objecto do seu desejo. E fá-lo (de novo o símbolo fálico) através de um método bem medieval: a decapitação. A cabeça é depois atirada à água, seguindo a partir daí um processo natural de decomposição, à semelhança do sucede com a produção musical do referido cantautor.


Porque é que a vida nos fascina?
Tantas vezes nos domina?
Acreditar que no amor
Não se sente dor
Mas é mentira!
Mentira! Mentira!


Acreditava João que no amor não se sentia dor, até deparar-se com uma parceira, quiçá com antepassados de cor, extremamente peluda, do género palha-de-aço, mas ainda mais hirsuta. Esta, por ter falhado uma sessão de depilação – feita como de costume à custa de várias tesouras de poda (sim, disse “poda”) –, provocou-lhe vários cortes no instrumento “musical”, e em toda as regiões adjacentes: abdominal, coxal, etc., durante uns jogos eróticos a que se dedicaram, ali para os lados da Buraca...!!! Acusado pela amásia de ser um inútil caguinchas, um finguelinhas sem tutano, limitou-se a gritar sem honra: Não se sente dor? É mentira, é mentira!!!!

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

...bem, a folha do norte sabe q sou contra o maldizer "per se"... mas isto de caras a flutuar estava mesmo a pedi-las... apetece dizer: joao, n fumes mais m€#§@s...

natal sem mocas a todos**

9:07 da tarde  
Blogger Cristy said...

o clube da má língua já conquistou a "d", tenho pra mim que isto é memorável!

11:04 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home